Lúpulo brasileiro é usado pela primeira vez em grande escala para produção de uma cerveja artesanal em Minas Gerais

Plantar e colher lúpulo de qualidade no Brasil. Uma realidade antes impossível começa a se materializar. No dia 07 de julho, foi realizada a primeira brassagem em escala industrial de um lúpulo 100% mineiro na cervejaria Loba, na cidade de Santana dos Montes. O lúpulo é um dos quatro ingredientes essenciais para a produção de uma cerveja e o responsável por conferir amargor e aroma à bebida.Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) acompanham o teste.O projeto-piloto começou no ano passado, com pequena produção de 100 garrafas.

A primeira colheita de lúpulo da cidade de Rio Espera (região da Zona da Mata em Minas Gerais) foi utilizada para a produção de 500 litros da Mantiqueira Experimental Beer. A cerveja não possui um estilo ainda definido e, após 21 dias, ela estará pronta para consumo e será analisada pelos profissionais envolvidos na produção. Caso o resultado seja satisfatório, então a bebida será comercializada nas prateleiras dos supermercados. O lúpulo é da espécie Mantiqueira BRK2014, nascida na Serra da Mantiqueira (SP) e patenteada pela Heineken.

O produtor Pedro Salim, da Fazenda Fartura, plantou mil mudas da espécie há um ano em Rio Espera e já realizou diversos testes bem-sucedidos em pequena escala. Agora, em parceria com a Cervejaria Loba, surgiu a oportunidade de realizar uma produção em nível industrial para análise da eficácia e qualidade do produto. Sua expectativa é colher 200 quilos de lúpulos mineiros em dezembro e quintuplicar sua capacidade de produção em cinco anos. Segundo Salim, a espécie vingou apesar das características climáticas locais, pois ele é adaptado ao clima brasileiro e não arrefece por conta do calor.

Aloísio Rodrigues Pereira, proprietário da Loba, quer incentivar as pesquisas que as universidades no Estado estão desenvolvendo sobre o lúpulo mineiro e ressalta as vantagens de um ingrediente fresco e produzido no Estado. “Teremos um lúpulo mais fresco, que pode conservar mais propriedades do que o paletizado. Então, teremos um produto mais nobre, pois, quanto mais cedo utilizá-lo, melhor será para manter as características existentes. Além disso, o fato de estar tão próximo torna o custo da fabricação da cerveja mais barato. A intenção, com o tempo é substituir o lúpulo importado pelo nacional. Como o mercado ainda é incipiente, o preço é muito variável, mas fica em torno de, em média, R$ 300, contra R$ 800 do lúpulo importado”, afirma o dono da Loba, o engenheiro químico Aloísio Rodrigues Pereira.

O laboratório de Processos Biotecnológicos e de Bebidas Alcoólicas da Universidade Federal de Viçosa (UFV) está na fase de identificação das primeiras linhagens do lúpulo brasileiro. O trabalho, que começou há um ano, é tão inovador que foi preciso importar reagentes. “Estamos recebendo amostras da região de Nova Friburgo (RJ) e da Serra da Mantiqueira, estamos testando diversas variedades comerciais”, afirma o professor adjunto do Departamento de Química, Alexandre Fontes Pereira, a frente dos estudos.

O mercado cervejeiro segue em expansão em todo o Brasil, e cada vez mais se busca uma alternativa para substituir os insumos que precisam ser comprados de outros países. Além do malte, que já conta com uma produção nacional considerável, a ideia de cultivar lúpulo em solo brasileiro tem despertado a atenção de agricultores e cervejeiros.O mercado de cervejas artesanais segue em alta no Brasil. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o país terminou o ano com 679 fábricas de cerveja e crescimento de 37,7% em comparação a 2016. Minas Gerais é o terceiro em número de cervejarias e conta com uma produção de 2,8 milhões de litros por mês e a expectativa de crescimento de produção para 2018 é de 19%.

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